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Indicação de livros

março 19, 2009 5 comentários

Gostaria de indicar dois livros para os alunos que estão no Ensino Médio (e professores também…): Problemas de Matemática Elementar, V.B. Lidski, editora Mir e Solving Problems in Geometry; V.Gusev, V.Litvinenko, A.Mordkovich, editora Mir. Ambos estão sendo reeditados aqui no Brasil pela editora Vestseller que tem como foco publicar livros “preparatórios” para os vestibulares do ITA e IME.

Possuo a versão em espanhol do Lidski e posso garantir que os melhores problemas de matemática que já tive contato estão por lá. Não vou negar que o livro tem um grau avançado e nem dizer que é possível resolver todos os exercícios, mas que eles são estimulantes não tem como negar. Portanto, quando sobrar um tempinho escolha um ou dois e tente resolver, mesmo que você passe um bom tempo pensando neles e não consiga obter a resposta o aprendizado final ainda terá sido enorme.

Infelizmente eu não consegui ler todo o livro Solving Problems in Geometry, pois não tive acesso a todos os capítulos, mas das partes que li… fiquei fascinado. Inclusive, em nível de prioridade de compra, eu colocaria ele no lugar do Lidski. Por ser um livro de geometria, seu foco é fazer o aluno ter compreensão tanto dos métodos geométricos quanto dos algébricos e considero isso MUITO importante.

Eu, particularmente, prefiro livros que a partir de observações geométricas cria-se soluções algébricas; não que eu considere a abstração algébrica algo ruim, desnecessária ou desestimulante é [apenas] uma questão de preferência mesmo. 😉

Sei que para os alunos que estão no último ano do Ensino Médio e estão se preparando para o vestibular o tempo é um fator limitante e indicar mais livros é algo cruel, mas… quando estiver de bobeira, não custa resolver um ou dois, ou pelo menos ler eles e pensar mentalmente em uma solução.

Fica a dica…

Abraços!

Fisica sem matematica, ensino medio sem bom-senso

fevereiro 8, 2009 Deixe um comentário

o Tom criou um tópico na comunidade com mais um de seus bons questionamentos. Resolvi morder a isca e
escrever um pouco sobre o que penso a respeito aqui no blog, até porque tenho ficado um tanto ‘chateado’ com o fato deque alguns posts no Orkut simplesmente desaparecem; você perde um tempo questionando e escrevendo bons argumentos para não saber se daqui a cinco meses encontrará sua resposta como referência para uma mesma pergunta. É de certa forma desgastante e desanimador, mas isso é assunto para outro texto. 😛

Seu questionamento parte do principio que dezenas de alunos, principalmente do Ensino Médio, acham que é possível apenas com o português entender teorias e conceitos abstratos da física.

Vou analisar os três anos do meu Ensino Médio e deixar de fora (em um primeiro momento) o cursinho; confesso que no primeiro ano meu único interesse era com a matemática, pois gostava dos ‘desafios’ que ela me proporcionava — talvez ela tenha sido o ponta-pé inicial para eu descobrir o quanto de maravilhas se tem na física e também me ajudar a questionar outras matérias. Entretanto, sempre pude perceber que a maioria tinha uma dificuldade imensa em resolver os problemas propostos pelo professor e pelo material e ela ficava mais evidente nas vésperas das provas. Parecia que todos estavam dispostos a aprender — conceitos que precisavam de duas semanas de estudo — do dia para a noite.

Hoje, repensando sobre o passado, vejo que o problema era falta de prática. Por conta dos professores (não que eles gostassem, mas… eles preferiram seguir a regra do ‘manda quem pode, obedece quem tem juízo’) seguirem aquela ‘onda’ de que alunos de 15 anos precisam ser tratados com mais carinho e não pode forçar gostar daquilo que não gosta, os alunos sempre encostavam a matemática, afinal ela apresentava MUITO desafio. Já que a escola entrou nesse conformismo e os pais [a maioria] só tem como meta o filho passar no vestibular o aluno acolheu bem a ordem e a encostou como sendo algo “muito dificil para minha cabeçinha”.

O que aconteceu já era esperado: a matemática era temida. E com isso, qualquer coisa que tivesse “muita” abstração também era vista como ‘chata’, ‘insuportável’, ‘sem utilidade prática’, etc — mais um vez aqui entram as teorias dos pedabobos de que tudo precisa ter uma utilidade prática.

A física por ser uma matéria que utiliza das ferramentas matemáticas para explicar suas teorias e conceitos abstratos, também passou a ser vista pelos alunos como algo “longe”, “distante da realidade” e, claro, porque não comprar a idéia: “sem utilidade prática”.

E então estamos criando jovens prontos para saberem a página em que está a teoria, mas não conhecendo absolutamente NADA sobre ela. E isso é ridículo.

Quando se faz uma análise profunda do que está acontecendo, percebe-se claramente que tem algo MUITO errado nisso tudo. Vemos alunos entrando no colegial já com a mentalidade: “Eu sou de exatas!”, “Eu sou de humanas!” e assim por diante. Defendem essa idéia como se fosse uma bandeira.

Eu não me canso em dizer aqui no blog que o Ensino Médio tem como BASE fornecer *CONHECIMENTOS*GERAIS*. Os alunos PRECISAM ter conhecimento de TODAS as áreas ensinadas, afinal esse é o mínimo necessário.

Talvez esse erro esteja começando quando as escolas priorizam apenas a ‘vitória’. A ‘derrota’ é sempre colocada como algo ruim; quando na verdade é algo extremamente benéfica para um jovem (e para um aluno), pois lhe ensina que na vida nem sempre é possível conseguir as coisas na primeira tentativa.

O que falta no Ensino Medio?

Me deparo na internet com várias discussões sobre o ensino brasileiro. Algumas muito interessantes, outras, nem tanto. Todavia, encontrar relatos de jovens que estão no Ensino Médio, ou que tenham terminado é preciso procurar MUITO.

Como terminei o EM ha pouco tempo, achei interessante colocar uma análise do que vi, assim quem sabe, estimula outros jovens a escreverem sobre suas frustrações e satisfações com o ensino brasileiro.

Eu já disse em alguns posts por aqui que nossas escolas não apresentam a realidade como ela é.

Uma das coisas que eu não entendo é de onde tiraram essa idéia de que estudar é fácil; estudar requer [muito] esforço e somente a longo prazo se obtem um resultado satisfatório. Também nunca entendi de onde [os alunos] tiraram a idéia de que a área de Humanas não precisa ter conhecimento de Exatas (ou vice-versa).

Isto está errado. O nosso Ensino Médio tem como base fornecer *CONHECIMENTOS*GERAIS*, concordo que há MUITOS erros em nosso ensino, entretanto se essa “base” fosse trabalhada de forma séria (com competência) teríamos alunos com uma visão [de mundo] um pouco mais abrangente.

Passei grande parte do meu terceiro ano me perguntando: Por quê os alunos média-alta [da sala] são sacrificados, já que eles poderiam ter um rendimento maior se os professores elevassem o nível da aula (com demonstrações, exercicios difíceis, etc.)?

Até hoje não entendi muito bem isso. Prejudicamos uma minoria que quer, para priorizar uma maioria que não quer nada?

Não quero (e nem pretendo) defender a existência de “turmas exclusivas”, afinal não existem salas disponíveis (com carteiras, lousa, giz, etc.) e nem mesmo professores para [todas] essas turmas.

Entretanto, não é justo — com aqueles (poucos) que querem aprender — que somente para se ter uma sala mais homogênea tenha que diminuir o “nível” das aulas.

Eu sempre me faço a pergunta: Por quê quando se tem duas escolhas para se colocar em prática, se opta pela menos trabalhosa (mais cômoda) e a outra idéia mais DURA (severa, real) é SEMPRE descartada?

As aulas devem ter um nível alto e as provas devem ser difíceis. Os alunos desde cedo precisam saber que haverá pedras no caminho e que nem sempre a escola e nem seus pais irão poder removê-las. O papel fundamental da escola é fornecer aos alunos “ferramentas” para que possam abrir o seu [próprio] caminho.

Durante o Ensino Médio, tive que ouvir alguns questionamentos do tipo: “Onde vou usar isso na minha profissão?”

Por quê as matérias que são abordadas no Ensino Médio precisam ter uma utilidade prática em nosso cotidiano? Os alunos PRECISAM ter conhecimento de TODAS as áreas (Exatas, Humanas e Biológicas). O que é cobrado no Ensino Médio é o mínimo necessário.

Só a título de exemplificação: eu não sou bom em Biologia, mas eu aprendi o BÁSICO e o suficiente para em uma discussão não ficar ‘boiando’, ou ao ler (ou assistir) um jornal, entender o que está sendo transmitido. E algumas vezes vezes relacionar sintomas a determinadas doenças e até me prevenir contra outras. Ou até mesmo para saber quando alguém está tentando me enganar…

Esse conhecimento é INFAME perto da Biologia, entretanto é um conhecimento que eu não teria se não tivesse sentado e estudado um pouquinho.

Fico imaginando se houvesse essa separação logo no Ensino Médio. Teríamos advogados que não saberiam o que são equações quadráticas; Físicos que falariam que bactérias causam gripe; e Biólogos que não saberiam o que foi a Guerra Fria e o quê ela significou.

Eu não me canso em dizer que o que falta em nossas escolas é disciplina e responsabilidade.

Abraços.