Arquivo

Archive for abril 6, 2007

Ensino e aprendizagem

Como nos ambientes onde freqüento, inclusive aqui na internet, está sendo muito discutido sobre a educação, e a forma de aprendizagem, resolvi escrever um pouquinho à respeito, no final coloco a discussão.

O texto abaixo [em itálico] foi extraído de um livreto de propostas que tenho aqui, e achei que caia como uma luva para a ocasião.

Na cultura africana, de acordo com o historiador Christophe (O Correio da UNESCO, nº7, ano 24), o silêncio está associado ao desejo de aprender, ao autodomínio, à confiança e à responsabilidade. Um jovem deve permanecer de boca fechada e ouvidos abertos, deixando o mais velho falar. Durante longos anos, apenas escuta. Mediante esta escuta, seu espírito se eleva e pouco a pouco se aproxima da verdade encarnada pelo mestre. Só após julgar ter compreendido um pouco, começará a fazer perguntas.
Na nossa cultura, ao contrário, o diálogo é considerado um instrumento de aprendizagem. Na escola, dá-se oportunidade para os jovens falarem. Recomenda-se que eles interrompam o mestre, formulem suas dúvidas e críticas, discordem do estabelecido, façam valer seus pontos de vista. Acredita-se que aprendemos mais falando do que ouvindo. Essas práticas são consideradas positivas porque estimulariam o senso crítico e a capacidade de argumentação.

Aprendemos desde cedo a observar, ouvir e então talvez questionar. Ambas as formas de ensino [mostradas no texto], são “falhas”, e isso faz com que muitas vezes os alunos percam o interesse no que está sendo tratado em sala de aula.

Mostrar ao aluno que o ambiente em que ele se encontra (sala de aula), é o “seu lugar”, e tudo que ele escuta lhe diz respeito, e não um local de onde ele não vê a hora de sair. Estimular a “paixão” e o interesse pelo estudo, é função da escola, do professor e também dos pais. Deixar o aluno perguntar, argumentar e discordar faz com que ele passe a interagir de uma forma mais democrática e menos dolorosa.

Mostrar a diferença entre conveniência e inconveniência, é o principal desafio do professor, e sua ferramenta para uma organização, de forma que as perguntas não intimidem os demais alunos, e não atrapalhe o rendimento. Saber perguntar, eis a questão.

O fato dos alunos estarem quietos, não quer dizer que eles estejam compreendendo tudo, entretanto, questionamentos a todo momento também não quer dizer que estejam interessados; colocar em prática apenas um dos lados dessa moeda, é ser passível de uma possível irresponsabilidade. Portanto, deve-se estimular no aluno, a hora certa de ouvir, pensar, para então questionar.

Somente assim conseguiremos criar um bom ambiente acadêmico, uma vez que, às vezes, perguntas são mais importantes que respostas.

Minha humilde e sincera opinião sobre o que foi tratado no texto.

Abaixo, o prefácio do Lectures on Physics, passado pelo Tom na comunidade[1];

Não obstante, eu não queria deixar nenhum aluno completamente para trás, como talvez tenha deixado. Acho que uma forma de ajudar mais os alunos seria realizar mais esforço em desenvolver um conjunto de problemas que elucidassem algumas das idéias nas palestras. Problemas dão uma boa oportunidade de completar o material das palestras e de tornar mais realistas, completas e arraigadas nas mentes as idéias que foram expostas.

Acho, porém, que a única solução para este problema da educação é perceber que o melhor ensino só pode ser praticado quando há uma relação individual direta entre um estudante e um bom professor–uma situação em que o estudante discute as idéias, pensa sobre as coisas e fala sobre elas. É impossível aprender muito apenas sentado em uma palestra ou mesmo resolvendo problemas propostos. Mas, em nossos tempos modernos, temos tantos alunos aos quais ensinar que precisamos tentar encontrar um substituto para o ideal. Talvez em algum pequeno lugar onde haja professores e alunos individuais, eles possam obter certa inspiração ou idéias destas palestras. Talvez se divirtam raciocinando sobre elas–ou desenvolvendo mais algumas coisas.

[1] Comunidade de Física @ Pensamentos Aleatórios

Abraços.