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Perfume: cheiro de criação

maio 19, 2009 2 comentários

Quem conversa diariamente comigo sabe que eu gosto muito de perfumes; sou admirador de empresas desse ramo e acho que eles fazem um trabalho maravilhoso, não só nas fragâncias produzidas, mas também no design dos frascos em que o perfume é vendido.

Eu sempre digo a meus amigos e amigas que não é preciso você usar roupas e sapatos caríssimos para ser notado; basta um perfume ideal e que tenha uma boa fixação na sua pele e bons elogios — pelo menos olhares — surgirão.

Escolher a fragância que melhor se adapta ao seu corpo é difícil, principalmente quando se vai em uma loja de perfumes e o máximo que as vendedoras fazem é lhe oferecer dezenas de papéis com o cheiro de cada um. 😦 A sutiliza de um bom perfume está em apresentar uma divisão de fragâncias, ou seja, basicamente dividir o cheiro em “etapas”:

  • Notas de cabeça: primeira impressão do perfume. Essas moléculas são menores, portanto em pouco tempo elas se evaporam.
  • Notas de coração: é a “composição” do perfume; os aromas mais equilibrados. Permanece na pele por um período de tempo e depois desaparece.
  • Notas de fundo: composição dos aromas mais fortes e evidentes. São essas notas que possuem maior poder de fixação, ficando por um período de tempo ainda maior que a nota anterior.

A “magia” do perfume está em agir no sistema límbico, antes chamado de “cérebro das emoções”, fazendo com que os aromas sejam capazes de relaxar, melhorar a concentração, aliviar cansaço, etc. Por isso, comprar perfumes pelo “nariz do amigo”, ou seja, baseado na opinião alheia é um erro, já que uma fragância pode trazer benefício para essa pessoa, mas para você não.

O valor do perfume para mim está em sua criação, já que o produto é composto de notas, cheiros da natureza, cheiros desse nosso mundo, criatividade de quem procurou usar dos sentidos para transmitir uma mensagem, etc. Enfim, saber criar um perfume é fascinante. Outro detalhe interessante na produção é a sua classificação pela sua concentração:

  • Parfum: a forma mais concentrada, entre 20%-40% de compostos aromáticos (essência).
  • Eau de parfum: varia de 12-18% de compostos aromáticos (essência).
  • Eau de toilette: 8-14% de compostos aromáticos (essência).
  • Eau de cologne: 3-7%, baixa concentração de essências (essência).

Portanto, a próxima vez que você olhar aquele perfume magnífico, tente reparar na quantidade de coisas que há por trás daquele frasco bonito. Historicamente a arte de elaborar perfumes nasceu no Egito e desde então melhoramos os método de produção gerando desenvolvimento científicos, principalmente na química. 😉

Muitos discutem a relevância disso; dizem ser algo fútil, desnecessário. A questão é que eu não penso assim. Vivemos em um mundo que valoriza a imagem (e não pretendo discutir isso agora) e se você não valoriza a sua, quem você acha que irá valorizar? O outro?

É preciso ser realista e saber estar bem aprensentável em qualquer circunstância: um sapato e uma blusa bacana, uma calça legal e um perfume ideal. Veja que não é preciso gastar fortunas para andar bem vestido e estar sofisticado para qualquer situação; o necessário é apenas bom senso.

Links: Perfume, A magia do perfume

O ser humano e seu poder de criação

maio 17, 2009 1 comentário

Dentre dezenas de coisas que eu definitivamente não compreendo no ser humano está a sua capacidade em fazer suposições (criações) sobre a vida de uma pessoa. Nós fazemos isso a TODO instante, sempre estamos preparados para criar uma “história de vida” para a pessoa que acabamos de ver.

O engraçado é que baseamos toda essa história em experiências e pensamentos próprios. E isso é tão simplista e medíocre que se pensassemos um pouquinho no que estávamos fazendo, não faríamos mais.

Você na fila do supermercado e um senhor na sua frente: “Ele aparenta ter 3 filhos e deve ser aposentado. Pela sua vestimenta, talvez goste de tênis; mas é muito velho para jogar, deve colocar essa obrigação em seu neto, assim realiza seu sonho. Ou seria netos? Será que ele tem mais de um? É, aparenta ter mais de um já que ele tem 3 filhos, talvez quatro netos…”

E o pensamento continua. Se você ver dez pessoas, pelo menos metade delas você tentará criar uma “vida” para ela. As chances de você acertar é ridícula. Ou seja, quanto tempo nós não perdemos vivendo a vida de outros enquanto poderíamos estar aproveitando a nossa? Quanto tempo perdemos imaginando como seria a nossa vida SE tivesse acontecido aquilo que não aconteceu?

Aquela senhora de idade atravessando a rua com dificuldade e então: “Coitada…”. Acabamos de criar mais uma história! Tem vezes que até criamos um final trágico: “Deve estar com alguma doença ou pelo seu olhar cabisbaixo, perdeu o filho a pouco tempo”.

The WORLD is flat

Há muito tempo atrás eu escrevi sobre esse livro do Thomas Friedman aqui. Na verdade, comentei que eu estava lendo ele. 😛

A questão é que sempre achei o livro fantástico e que ele descreve MUITO bem como nosso mundo vem se organizando. Friedman, basicamente dividiu esse “achatamento” [que ele comenta] global em 3 partes:

  • Globalização 1.0: mudou o mundo de grande para pequeno
  • Globalização 2.0: através das multinacionais mudou o mundo de médio para pequeno
  • Globalização 3.0: mudou de pequeno para minúsculo.

É inegável que em todos esses processos o indivíduo participou, todavia na Globalização 3.0 em particular, o indivíduo começou não só a fazer parte do processo como contribuir nele. O livro do Friedman além de fazer uma geral nas “10 forças que achataram o mundo” (é assim que ele chama no livro), nos remete a pensar nas coisas que estão mudando radicalmente o mundo.

A idéia discutida por Thomas é tão ampla que nos remete a a necessidade de ampliar as idéias. Já que para poder avançar é preciso muitas vezes, liberta-se do passado — e desse contínuo abandono do passado que depende o progresso do homem.

Nós vos convidamos a marchar conosco e a conosco transformar não somente uma das leis da terra, mas a lei fundamental.
E insistem: Quando vocês tiverem melhorado o mundo, melhorem este mundo melhorado! Abandonem este mundo!
E ainda: Quando completando a verdade vocês tiverem transformado a humanidade, transformai esta humanidade transformada. Abandonai-a!
E conclui: E transformando o mundo, transformai-vos. Saibam ABANDONAR A VÓS MESMOS!

(cena final da peça didática de Baden-Baden, de Brecht)

Olha só que coisa incrível de todo esse processo:

Ars Physica – Ciência de qualidade

maio 9, 2009 1 comentário

Ainda relacionado ao assunto anterior, gostaria de indicar um blog que segue MUITO a linha do projeto free culture. O blog em questão é o:

logo_ars_physica

Eu conheci todo esse pessoal responsável pelo projeto na Comunidade de Física do Orkut da qual faço parte. Sou muito grato a essa comunidade não só pela oportunidade de contato com profissionais responsáveis e de uma sabedoria inquestionável, mas também pelas dúvidas solucionadas, incentivo e motivação.

Não só eu como muitos alunos do Ensino Médio (inclusive um desses que acompanhava em “segredo” — não posta com freqüência — está fazendo Bach. em Física comigo aqui na UNESP) recebem um grande incentivo em fazer ciência ou se encontrar profissionalmente. 🙂

Enfim, o Ars Physica é um esforço coletivo e colaborativo, não só dos vários Editores que o compõem, mas também dos usuários. Nosso objetivo é abrir e manter um canal direto entre cientistas e pesquisadores profissionais e o público: é esse diálogo que é enriquecedor, como vocês podem ver no próprio blog.

A política adotada pelo AP pode ser lida no link acima, mas faço questão de repoduzí-la aqui:

Visão

Nós visamos um futuro no qual políticas de Ciência e Tecnologia vão ajudar todas as pessoas a viverem num ambiente mais limpo e socialmente cívico e justo, gozando de bons sistemas de educação e saúde.

Missão

Somos uma organização educacional sem fins lucrativos e sem afiliações partidárias. Nossa missão é a de renovar o respeito por debates [sociais] e processos deciditórios políticos e governamentais bem fundamentadas em evidências empíricas.

A missão do Ars Physica incorpora alguns elementos principais:

  1. Aumentar a preocupação na mídia para a Ciência e sua divulgação de qualidade;
  2. Educação do público com respeito à políticas científicas, assim como a educação da comunidade científica com respeito ao processo político e seus meios que podem ser usados para contribuições efetivas, influenciando os representantes eleitos;
  3. Prover uma área para troca de informações, conectando experts, cientistas, jornalistas e ativistas;
  4. Preservar e estender o acesso civil ao mundo acadêmico;
  5. Colaborar com organizações relacionadas;
  6. Nutrir uma comunidade cívica pró-ativa, desde “grassroots activists” até “experts” técnicos e acadêmicos.

Crenças

Os Cientistas e cidadãos que constituem o Ars Physica estão unidos por alguns valores e crenças que guiam todo nosso trabalho:

  • Governo de Qualidade: Cientistas sabem como testar teorias, como discernir fatos de ficção, e como responsabilizar a si mesmos. Lideranças e políticas de qualidade deveriam depender em processo semelhantes;
  • Debate Público e Aberto: Debates vigorosos e baseados em evidências só fazem melhorar as política governamentais, assim como com teorias científicas. A falta de transparência excessiva só serve para proteger ideologias e incompetência;
  • Liderança Competente: Representantes públicos servem seus constituintes da melhor maneira quando suas convicções são baseadas e testadas dados objetivos e quando suas convicções pessoais não distorcem suas obrigações e responsabilidades perante o público;
  • Participação Política: Cidadãos educados e bem informados, questionadores, e civicamente engajados são essenciais para uma democracia bem sucedida.

Enfim, diante de um trabalho tão magnífico como este, não poderia faltar também um manifesto do que foi chamado de “Manifesto Ciência Livre” em que coloca em pauta o conhecimento livre para uma sociedade livre. Assim como as idéias gerais, faço questão de reproduzir aqui o texto:

Ciência Livre é uma questão de liberdade e não de preço. Ciência Livre é uma questão da liberdade de se utilizar, fotocopiar, distribuir, estudar, modificar e melhorar o trabalho [científico] em questão.

Mais precisamente, existem 4 tipos de liberdades:

  1. A liberdade de utilizar a Ciência (determinado trabalho científico) para qualquer propósito.
  2. A liberdade de estudar como um determinado trabalho científico funciona e adaptá-lo aos seus interesses. Acesso aos originais é pré-condição para isso.
  3. A liberdade de redistribuir cópias para que se possa ajudar ao próximo.
  4. A liberdade de melhorar o estudo, e lançar suas melhorias ao público, para que toda a comunidade se beneficie. Acesso aos originais é uma pré-condição para isso.

Um determinado trabalho científico é ciência livre se possuir todas as liberdades acima. Dessa forma, é possível se redistribuir cópias, com ou sem modificações, gratuitas ou cobrando-se uma taxa de redistribuição, para qualquer pessoa em qualquer lugar. Ser livre para se fazer essas coisas significa, entre outras cosias, que não é preciso se pedir ou pagar por permissão para tanto.

Deve-se haver também a liberdade de se fazer modificações e usá-las de modo privado no seu trabalho ou diversão, sem mesmo mencionar que elas existem. Se suas modificações forem publicadas, não deve ser necessário que você notifique nenhuma pessoa em particular, ou de qualquer forma em específico.

A liberdade de se utilizar da Ciência significa que qualquer pessoa ou organização pode usá-la para qualquer tipo de trabalho, objetivo ou propósito, sem que exista a necessidade de se comunicar com os pesquisadores ou qualquer outra entidade em específico. Nessa liberdade, são os propósitos do usuário que importam, e não o dos pesquisadores; enquanto usuário, você está livre para fazer qualquer tipo de uso da ciência, e se vc distribuí-la para alguma outra pessoa, aquela é livre para fazer qualquer uso que sirva seus propósitos, mas você não pode impor seus propósitos sobre ela.

A liberdade de redistribuir cópias em qualquer forma de mídia (digital, fotocópia, impressa, etc) das versões modificadas ou não.

Para que a liberdade de modificação e publicação de versões melhoradas faça sentido, é preciso acesso aos originais [do trabalho científico em questão]: dados, metadados, gráficos, hipóteses, teoremas, etc. Portanto, o acesso aos originais é condição necessária para a Ciência Livre.

Uma das formas importantes de se modificar um trabalho científico é através da agregação de dados disponíveis de modo livre. Se a licença de algum dado disser que não é possível incluí-lo num trabalho já existente, em casos em que é preciso se ser o detentor do ‘copyright’, então a licença é muito restritiva e não pode ser classificada como livre.

Para que essas liberdades sejam reais, elas têm que ser irrevogáveis desde que não se faça nada de errado; se o pesquisador [do trabalho científico em questão] tem o poder de revogar a licença, sem que haja uma causa, a pesquisa não é livre.

Entretanto, algumas regras sobre o modo de distribuição da pesquisa científica em questão são aceitáveis desde que não conflitem com as liberdades centrais.

Pode se ter pago dinheiro para se obter os resultados de determinada pesquisa, ou pode se tê-la obtido gratuitamente. De qualquer maneira, sempre se tem a liberdade de se copiar e se alterar o conteúdo dela, até mesmo de se vender cópias.

Ciência Livre não significa não comercial. Uma pesquisa livre pode estar disponível para uso comercial, desenvolvimento comercial, ou distribuição comercial.

Em geral, se utiliza o “copyleft” para se proteger legalmente essas liberdades. Porém, existe Ciência Livre que não é licenciada via copyleft – apesar de existirem razões pragmáticas para o uso do copyleft.

—x—x—

Enfim, recomendo fortemente que vocês leem no blog todas as propostas, referências e também as postagens.

P.S.: Eu fiz o logo do Ars Physica com o pouco que conheço do Photoshop e utilizando tutoriais que eu baixo e deixo no meu computador para realizar quando sobra tempo, espero que tenham gostado. 🙂

Free culture, free science, web 2.0, manifesto…

maio 9, 2009 1 comentário

Um grupo de estudantes das principais universidades americanas está com um projeto chamado “Students for Free Culture”, hospedado no site FreeCulture.org. Como pode ser conferido no about do site o grupo tem por funções:

  1. Creating and providing resources for our chapters and for the general public;
  2. Outreach to youth and students;
  3. Networking with other people, companies and organizations in the free culture movement;
  4. Issue advocacy on behalf of our members

Há pouco tempo o movimento resolveu soltar um “Manifesto da Cultura Livre” que compila todas as idéias tratadas. o blog Trezentos que é um parceiro do BaixaCultura resolveu traduzir e publicar o texto. Assim como o BaixaCultura, faço questão de reproduzir aqui também o texto:

A missão do movimento da Cultura Livre é construir uma estrutura participativa para a sociedade e para a cultura, de baixo para cima, ao contrário da estrutura proprietária, fechada, de cima para baixo. Através da forma democrática da tecnologia digital e da internet, podemos disponibilizar ferramentas para criação, distribuição, comunicação e colaboração, ensinando e aprendendo através da mão da pessoa comum – e através da verdadeiramente ativa , informada e conectada cidadania: injustiça e opressão serão lentamente eliminadas do planeta.

Nos acreditamos que a Cultura deve ser uma construção participativa de duas mãos, e não meramente de consumo. Não nos contentaremos em sentar passivamente na frente de um tubo de imagem de midia de mão única. Com a Internet e outros avanços, a tecnologia existe para a criação de novos paradigmas, um deles é que qualquer um pode ser um artista, e qualquer um pode ser bem sucedido baseado em seus méritos e não nas conexões da industria.

Nos negamos a aceitar o futuro do feudalismo digital, onde nos não somos donos dos produtos que compramos, mas nos são meramente garantidos uso limitado enquanto nos pagamos pelo seu uso. Nós devemos parar e inverter a recente e radical expansão dos direitos da propriedade intelectual que ameaçam chegar a um ponto onde se sobreporão a todos os outros direitos do indivíduo e da sociedade.

A liberdade de construir sobre o passado é necessária para a prosperidade da criatividade e da inovação. Nós iremos usar e promover o nosso patrimônio cultural, no domínio público. Faremos, compartilharemos, adaptaremos e promoveremos conteúdo aberto. Iremos ouvir a música livre, apreciar a arte livre, assistir filmes livres, e ler livros livres. Todo o tempo, iremos contribuir, discutir, comentar, criticar, melhorar, improvisar, remixar, modificar, e acrescentar ainda mais ingredientes para a “sopa” da cultura livre.

Ajudaremos todo mundo à entender o valor da nossa abundância cultural, promovendo o software livre a o modelo open source. Vamos resistir à legislação repressiva que ameaça as liberdades civis e impede a inovação. Iremos nos opor aos dispositivos de monitoramento à nivel de hardware que impedirão que os usuários tenham controle de suas próprias máquinas e seus próprios dados.

Não permitiremos que a indústria de conteúdo se agarre à seus obsoletos modelos de distribuição através de uma legislação ruim. Nós seremos participantes ativos em uma cultura livre de conectividade e produção, que se tornou possível como nunca antes pela Internet e tecnologias digitais, e iremos lutar para evitar que este novo potencial seja destruído por empresas e controle legislativo. Se permitirmos que a estrutura participativa, e de baixo para cima, da Internet seja trocada por um serviço de TV a cabo – Se deixarmos que paradigma estabelecido para criação e distribuição se reafirme – Então a janela de oportunidade aberta pela Internet terá sido fechada, e teremos perdido algo bonito, revolucionário e irrecuperável.

O futuro esta em nossas mãos, devemos construir um movimento tecnológico e cultural para defender o comum digital.


Fonte: BaixaCultura – Estudantes por um Cultura Livre